Não é novidade para ninguém que milhões de brasileiros, hoje, encontram-se com dívidas. Cerca de 70,9% das familiais brasileiras estão endividados, conforme dados do ano passado.
Podemos listar diversos fatores dessa situação, mas, com certeza, o principalmente deles foi a pandemia do COVID-19.
E apesar dela ter passado, pelo menos em sua forma mais agressiva, as suas consequências ainda permanecem.
Sem dinheiro, muitos buscaram os bancos para pedir empréstimos e usar mais o cartão de crédito para parcelar as compras, o que ocasionou mais prejuízos ao não conseguirem arcar com as parcelas e faturas.
A busca por resolver essas dívidas com o banco aumentou, ainda mais de forma solitária. E isso representa um grande risco que ninguém fala.
Você está pensando em negociar suas dividas com o banco sozinho(a)? Então continue a leitura até o final!
Negociar ou renegociar a dívida? Qual a diferença?
Antes de tudo, é importante pontuar que ambas as palavras se referem ao mesmo ato, porém executadas em períodos diferentes.
Negociar é o momento após pedir dinheiro ao banco, mas não conseguir pagar de volta, dentro das condições pactuadas, buscando-se alternativas para tal.
Renegociar é o momento após uma negociação anterior realizada, mas que não deu certo devido a falta de pagamento, gerando uma dívida em aberto com a necessidade de fazer uma nova negociação.
Aposto que você não sabia dessa sutil diferença, não é mesmo? E aposto que você achava que uma vez negociada a dívida, não tinha o risco de voce ficar devendo de novo, certo?
Esse detalhe é algo que as pessoas não enxergam, pois, na prática, fala-se apenas o termo “negociar“. Mas, para fins didáticos, irei usar essa palavra, e seus derivados, para me referir a ambas.
O mais importante é o seguinte: NÃO negocie suas dívidas com o banco sozinho(a)!
É essencial que esteja acompanhado(a) de um(a) advogado(a) e você entenderá o motivo a seguir.
Por que devo contratar um advogado para negociar com o banco?
Se você pesquisar sobre negociar dívida do banco, você encontra vários tutoriais ou passo-a-passo que ensinam a resolver suas dívidas de forma “simples e rápida” e “sem precisar contratar um advogado“.
Mas se eu te falar que isso piora a situação? Que nas negociações com o banco onde o cliente faz sozinho(a), ele(a) tende a voltar a ficar endividado?
O que não tem falam é o fato de você ficar a mercê das condições impostas ao banco, sem ter a chance de ver um contraponto que somente um advogado poderia te apresentar.
“Ah Dr, mas eu mesmo posso comparar as propostas e fazer os cálculos“.
Então faça as seguintes perguntas para si mesmo:
- Qual a diferença entre juros simples e compostos?
- Como calcular a taxa média do mercado?
- Quando a taxa de juros pode ser considerada abusiva?
- Qual a diferença entre PRICE, SAC e GAUSS?
Se você respondeu “não sei” para alguma dessas perguntas, então não tente negociar com o banco sozinho(a), pois ele sabe a respostas dessas perguntas acima.
O que acontece se eu tentar negociar sozinho(a)?
Cálculos bancários vão muito além do que, simplesmente, somar as parcelas e achar o valor total ou comparar propostas diferentes, pois existem detalhes que somente um advogado pode detectar.
Já tive pessoas endividadas com o banco e que me procuraram para buscar uma solução, mas decidiram resolver sozinhas.
Porém, ao final, aconteceu uma das situações:
- Ou a pessoa negociou sozinha com o banco, mas em pouco tempo não conseguiu pagar e voltou a ficar endividada;
- Ou a pessoa não conseguiu negociar sozinha, não pagou as dividas e sofreu cobrança na justiça com penhora de valores e bens.
O advogado especialista em Direito Bancário, com foco em Revisional de Juros, é o profissional ideal para lhe orientar na solução das suas dívidas bancárias, pois esse lhe mostrará contrapontos das propostas apresentadas pelo banco por meio de cálculos periciais complexos.
Com isso, você não estará preso(a) as condições unilaterais dos bancos, contando, apenas cálculos básicos que nada resolvem o seu problema.
Então, como negociar com o banco? Confira os 4 passos
Com base no que foi dito até aqui, siga esses passos para que, de fato, você possa resolver a sua vida com o banco da melhor forma.
1 – Ver quais as dívidas que voce possui
A dívida envolve quantos empréstimos? Após isso, quais tipos? Seria empréstimo pessoal, consignado, cartão de crédito ou financiamento? Para qual ou quais bancos você deve? Qual é a dívida que demanda mais urgência?
É muito importante saber o que você está devendo e para qual banco , pois cada dívida e banco tem suas particularidades que fazem toda diferença na hora de negociar.
2 – Verifique o seu orçamento atual
Importante saber se, dentro da sua realidade financeira, é possível você quitar a dívida por meio das parcelas a serem pagar.
Você deve saber os seus ganhos e gastos para descobrir o quanto sobra para pagar a dívida.
Se for necessário, você poderá estar fazendo extra no seu trabalho ou, até, ter uma renda extra e conseguir um dinheiro a mais.
3 – Não aceite a primeira proposta que o banco lhe oferecer
Quando você deve ao banco, é comum que empresas de cobrança entrem em contato para oferecerem diversas propostas de negociação para resolver a dívida.
Só que, devido a insistência nas ligações ou envio de mensagens, bem como os prejuízos de ter o nome negativo ou até ser processado na justiça, muitos, no desespero, acabam aceitando de primeira.
O que se deve fazer é ver e anotar as propostas enviadas para guardá-las, mas não tente negociar sozinho(a), conforme já explicado anteriormente.
4 – Contrate um advogado especialista
Após reunir suas dívidas, verificar seu orçamento e anotar as propostas recebidas, você irá contratar um advogado especialista para realizar todo o procedimento de negociação com você.
O recomendo ainda é você buscar um advogado que, além de atuar no Direito Bancário, tenha conhecimento em cálculo pericial para facilitar ainda mais o trabalho, afinal, o mesmo não apenas cuidará do lado jurídico do seu problema, mas, também, o matemático.
Com um profissional ao seu lado, você, nunca mais, ficará à mercê, somente, dos cálculos dos bancos que, na esmagadora maioria das vezes, apresentam irregularidades que geram situações abusivas.
Passo bônus: Evite se superendividar de novo
Após seguir os 4 passos e conseguir se livrar das dívidas, é importante que você não volte para onde estava.
Por isso, fique atento na hora de contratar algum empréstimo ou cartão com o banco.
De forma nenhuma irei lhe dizer para nunca mais pedir dinheiro ao banco, pois, afinal, você é livre financeiramente.
Porém, importante você saber se realmente é necessário fazer isso, comparar condições em diferentes bancos, ver se o seu orçamento atual dará conta em pagar as parcelas em dia, etc.
Assim, você evitará cair, novamente, no superendividamento e iniciar, assim, o ciclo de dívida que te atormentou por muito tempo.
E se eu não negociar as dívidas? O que acontece?
Você sabe muito bem que nunca é algo positivo ficar devendo para o outros, principalmente quando o credor se trata do banco, que é uma instituição financeira com um imenso poder econômico e jurídico.
Portanto, caso você “deixe para depois” ou “tente fazer tudo sozinho”, as consequências serão:
1 – Aumento exponencial da dívida
Uma vez que os bancos trabalham com juros compostos, caso a dívida não seja paga ela poderá chegar ao dobro, o triplo, até mesmo quádruplo do valor original, torna-se inviável o seu pagamento.
Eu já expliquei como funcionam os juros compostos e a diferença do valor final ao aplicar os juros simples.
2 – Negativação e protesto do nome
Ao dever, o banco tomará as medidas legais para fazer você pagar como negativar ou protestar o seu nome.
Negativar é inscrever o seu nome nas empresas de cobrança de crédito que ficará, dia e noite, te ligando para cobrar dívidas.
Protestar é o envio das informações para o cartório, por meio de ato informal.
Tais inscrições te impedem de fazer qualquer coisa como pedir um cartão, um novo empréstimo, etc.
3 – Ser processado(a) na justiça
Pior do que ter uma dívida impagável ou ter nome negativado é ser processado(a) pelo banco por meio da execução judicial.
Você já deve ter ouvido absurdos como: “se você não pagar a dívida, ela caduca em 5 anos” ou “se você não tiver nada em seu nome, não precisará se preocupar com penhora”.
Tais falas não passam de mitos propagados por pessoas que não são especialistas e que, apenas, atrapalham ainda mais a sua vida financeira.
3.1 – A dívida é eterna enquanto não for paga
A dívida tem um limite para ser cobrada na justiça, que é de 5 anos, porém, quem garante que o banco não poderá te executar durante esse tempo?
E passado esse período, o banco ainda poderá cobrar sua dívida de forma extrajudicial, quebrando outro mito de que a dívida se extingue após 5 anos.
A dívida ela é eterna enquanto não for paga. O que extingue é o direito de cobrá-la na justiça após 5 anos.
3.2 – Existe penhora, mesmo não tendo bens
E sobre a penhora, mesmo que você não tenha nenhum carro, casa, moto, apartamento, ou que não deixe nenhum dinheiro na conta do banco, sabia que isso não te livra da penhora e de suas consequências?
Afinal, a penhora também pode ocorrer:
- No passaporte e CNH;
- Sobre os investimentos, criptomoedas, pontos de cartão e, até, milhas de viagens;
- Nos bens passados para sua esposa ou marido
Sem contar que não poderá ter mais nada em seu nome, ou seja, ficará a depender dos outros para receber seu salário ou ter um bem de alto valor como um carro ou casa.
É esse tipo de vida que você deseja? Se você leu até aqui, creio que não.Por isso, é fundamental que você negociar ou renegociar suas dívidas do banco com o junto sempre acompanhado de um advogado especialista para que possa te orientar a sair dessa situação para você ter sua vida de volta.